em “onda verde” para vencer em SP
Fabio Feldmann, do PV, compara Marina a Obama e o vice Guilherme Leal a Bill Gates
Marina Novaes, do R7.Texto: ..
Foto por Daia Oliver, do R7
Ex-secretário do Meio Ambiente Fabio Feldmann disputa o governo de SP.
.Afastado da política há 12 anos, o ex-secretário estadual de Meio Ambiente e ex-deputado federal pelo PSDB, Fábio Feldmann, 55, está de volta ao cenário eleitoral, desta vez, para disputar o governo de São Paulo pelo Partido Verde.
Ao lado da candidata à Presidência Marina Silva e do empresário Ricardo Young, ex-presidente do Instituto Ethos que disputará uma vaga no Senado, o fundador da ONG (organização não-governamental) SOS Mata Atlântica oficializa sua candidatura neste sábado (19), durante convenção estadual da sigla na capital paulista.
Ao R7, o consultor ambiental admitiu que a “onda verde” que tomou conta do mundo nos últimos anos – o tema nunca esteve tão em alta –, e o entusiasmo em torno da candidatura da ex-ministra do Meio Ambiente foram decisivos para convencê-lo a retornar à política.
Embora reconheça a dificuldade em vencer a disputa, Feldmann pretende se apresentar como uma “alternativa” para o eleitor, em uma briga polarizada entre PSDB e PT – assim como tem feito Marina na corrida nacional.
Em entrevista concedida no final de maio, o candidato verde negou que sua candidatura tenha como objetivo fortalecer seu nome em uma eventual campanha futura para a Câmara; comparou o empresário Guilherme Leal (vice na chapa nacional) ao líder da empresa Microsoft, o americano Bill Gates; e disse que Marina é a “Obama de saias” do país, em referência às semelhanças entre as campanhas da senadora verde e do presidente dos Estados Unidos.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
R7 – Por que decidiu voltar para a política, após todo esse tempo?
Fábio Feldmann: Eu estou afastado da política faz 12 anos, mas não dos temas que continuo trabalhando. E o fato que mais me motivou foi o momento particular que o Brasil passa, com a Marina na disputa presidencial, o que traz uma oportunidade única de colocar nossos temas em discussão. Até 2020, vamos ter que tomar medidas urgentes, em um espaço de tempo muito curto, em relação ao aquecimento global.
R7- Qual a expectativa em relação à disputa. A campanha ainda está morna?
Feldmann: Acho que a campanha presidencial tem uma característica que a estadual não tem, que é de ser mais conceitual, ter mais debate, até pela cobertura que ela tem recebido na imprensa. [...] Nos Estados, as campanhas ainda estão longe de chegar a essa etapa, que eu acho que é necessária, que é discutir o que se quer para São Paulo.
R7 – O que o PV pretende propor e o que acha que precisa ser mudado no governo atual?
Feldmann: É preciso pensar em São Paulo com a estatura que tem. Nós temos um PIB equivalente ao da Argentina; um Estado com massa crítica; um setor empresarial cosmopolita; e temos a mídia em grande parte aqui. E a ideia é discutir as oportunidades que se têm para São Paulo se colocar no século 21. O conflito hoje que se coloca no mundo, e em São Paulo, são visões do século 21 versus as visões dos séculos 20 e 19.
R7- O que isso significa?
Feldmann: Acho que nós temos que caminhar para uma economia de baixa intensidade de carbono. Já no campo dos municípios, muitas cidades grandes e médias merecem ser repensadas em termos de modelo. Em relação ao transporte, vivemos um modelo que está totalmente superado, que é o do transporte individual, sem transporte público eficiente e poluidor. [...] Enfim, em relação a todas essas políticas públicas, é preciso ter essa visão de avançar em direção ao século 21.
R7 – No cenário nacional, mesmo havendo uma polarização PT X PSDB, a Marina está isolada na terceira colocação. Acha que é possível reverter essa polarização entre os dois partidos em São Paulo?
Feldmann: Eu acho que dá, mas a dificuldade está na exposição. Você pode notar como o espaço de discussão dos governadores é praticamente inexistente, então isso cria uma dificuldade muito grande. O fato é que há uma dificuldade muito clara em colocar alternativa a essa polarização, que não esgota o debate político necessário. [...] Eles têm um debate entre as máquinas: a máquina pública federal versus a máquina estadual. E nós temos as ideias, e é nesse campo que a gente pretende discutir.
R7 – Esse discurso verde ainda assusta os empresários?
Feldmann: A temática ambiental é uma temática muito recente no mundo, ela tem 40 anos. Então, o setor empresarial aqui ainda está muito vinculado a esse debate bipolar entre PT e PSDB, que ainda não explora esse tema. [...] Eu acho que a nossa campanha inclusive tem esse objetivo de colocar isso em discussão.
R7 – Acha que o Guilherme Leal [fundador da Natura e vice de Marina na disputa à Presidência] conseguirá levar esse tema aos empresários?
Feldmann: O Guilherme Leal, nesse sentido, se torna um avalista muito importante da candidatura do PV. É um empresário que, na minha opinião, representa um fenômeno da "Microsoft brasileira", porque a Natura é a Microsoft brasileira. Quando se compara com os outros vices, são vices que atendem muito mais a uma necessidade de composição eleitoral, que tem mais a ver com o tempo de propaganda na televisão, do que com o que Guilherme representa. Neste sentido, ele também sinaliza uma política que se faz não apenas em torno da aliança eleitoral, preocupada só com a questão do tempo de televisão.
R7 - Na Colômbia o candidato Antanas Mockus teve um crescimento surpreendente, por exemplo. Acha que o mundo passa por uma “onda verde”?
Feldmann: Acho que ela existe por inúmeras razões, e acho que o momento é muito propício para o PV crescer nesta eleição. Acho que não tem nenhum outro partido no Brasil para fazer esse debate. […] Acho que existe uma certa fadiga de material [entre os adversários] e, para o eleitorado, a única opção inovadora é o Partido Verde.
R7 – A campanha da Marina já chegou a ser comparada com a do Obama [Barack Obama, presidente dos Estados Unidos]. Existe essa semelhança?
Feldmann: A Marina tem um perfil semelhante, quer dizer, há cinco anos, se nós estivéssemos aqui nessa entrevista provavelmente a possibilidade de os Estados Unidos elegerem um presidente negro não estaria colocada. Então, a eleição do Obama sinalizou uma mudança no mundo, e a Marina é, de certa maneira, a Obama de saias do Brasil. Ela tem uma biografia exemplar, a Marina tem preparo, tem capacidade de articulação, então ela também sinaliza isso para o mundo.
R7 – Foi ela quem o convenceu a voltar para a política e a encarar uma eleição?
Feldmann: Eu conheço a Marina há muitos anos, então ela foi decisiva, porque realmente eu tinha uma opção de não voltar a exercer qualquer mandato político. [...] A motivação que eu tenho é esse momento muito particular que o Brasil vive, não fosse isso, provavelmente eu não seria candidato. [...] Eu estou aqui porque existe um projeto político, acho que a minha candidatura provoca em certa medida o mesmo que o da Marina no cenário nacional com o debate. Certamente os nossos temas dificilmente seriam debatidos sem uma candidatura do PV. E, claro, a minha candidatura também ajuda a Marina, criando palanque para ela no maior colégio eleitoral do Brasil.
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