Este site está em reconstrução, e aproveitamos para desejar à todos que nos próximos 365 dias, muita saúde, paz, amor ao próximo, e que você não apenas vença, mas convença!
Forte abraço e bom 2011!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
nossos Cururús...
Liguei o rádio para ouvir o Programa do Agabatan " A cidade reclama" pois havia gravado uma entrevista já há um mês e até agora não pude ouvi-la, espero não estar sendo censurado por pessoas que tanto admiro, mas resolvi dar uma esticadinha e ouvir o programa de entrevistas do Américo, que grata surpresa, os entrevistados eram nada mais, nada menos que a dupla Cássio e Rejane, digo dupla porque vejo os dois sempre juntos o que vem a ser exemplo seguido por mim e esposa.
O Cássio me trouxe para a política local e me deu a oportunidade de disputar uma vaga na Câmara de Pirajuí em 1996, na ocasião contando com apenas 25 anos, já estávamos interados da maioria dos problemas da política pirajuiense, tanto foi, que em 2000 lancei a minha campanha à prefeito com os mesmos moldes da campanha do Cassinho, prevalecendo sempre o respeito às diferenças e justiça social, atreladas ao respeito ao meio ambiente.
Uma satisfação ouvir esses dois sobre a história de nossa "Peixe do Rio Dourado" o genocídio indígena, o assassinato do Padre Claro - Monsenhor, na Corredeira, a explicação desse nome, que não se atribuía a quedas d´água e sim a correria que era estar ou passar por aquele lugar, a chacina no lugar onde depois foi construído um templo católico, quantas histórias e quanto muito ainda dizer...
Falaram também sobre o trabalho de resgaste cultural no acervo da câmara que foi 'jogado' no sótão (se é que podemos chamar o lugar onde fica o espaço entre forro e telhado) do prédio onde hoje fica a prefeitura local, não sei se todos sabem, mas aquele prédio era a Câmara Municipal, naquela época não existiam "prefeituras" e administrava a cidade o então Presidente da Câmara, eleito por voto indireto, indicação dos próprios companheiros edis, este assumia então o papel de executor ou executivo. Partindo dessa situação parabenizo o vereador Wandão Grejo pela iniciativa e carinho com nossa história, queria muito ser presidente da câmara para poder realizar esse trabalho e de uma forma até discreta iniciar um museu municipal, fica pra outra ocasião.
Divulgaram também o trabalho do amigo estivense Levi Ramiro, que hoje é colocado pela crítica como entre os dez melhores intrumentistas da viola sertaneja do país.
Discorreram também sobre o ISANOP - Instituto Socioambiental da Noroeste Paulista, instituto que passeia desde a defesa do meio ambiente, patrimônio cultural, animais (projeto Arca de Noé) e dos direitos sociais ligados ao desenvolvimento sustentável - www.isanop.blogspot.com - faltou falar que pra começar esse projeto que implicava gastos com documentação e outras coisas, vendemos uma velha máquina de lavar que recebi de doação e iniciamos aí o projeto, que hoje existe e teima em funcionar, assim como nós, né Cássio?!
Maravilha, me dispeço pensando o que esses dois não poderiam realizar com um pouquinho de apoio da prefeitura municipal, pois é!!!! Deixa pra lá!
Abraços a esses dois lutadores e todas as pessoa s de bem que insistem em querer uma Pirajuí mais justa e melhor...
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Há poder no Poder Legislativo?
Isso é muito bonito na teoria, já na prática o que presenciamos é uma escravatura do Poder Legislativo em nossa sociedade, principalmente em Pirajuí onde agentes políticos entregam o 'bastão' ao alcaide municipal, anulando-se como vereadores e sendo mais 'um' do executivo ao invés de fiscalizar, orientar, cobrar e tomar conta do erário público.
Realmente existe essa confusão na própria população que desconhece totalmente o assunto, muitas vezes alguns que me encontravam na rua, vinham com essa pergunta: E aí como está a Prefeitura? Tudo bem, até entendo que a preocupação é evidentemente a prefeitura, mas, a pergunta certa seria " Como está nossa câmara?" Muitos de nós, desconhece a diferença entre legislativo e executivo, e quando os cidadãos dizem a velha frase "Fulano... (vereador) não fez nada". Peraí! Vereador não faz! Vereador não 'executa'! Executar é próprio do executivo, ele é que faz, o legislador (vereador) fiscaliza, e o que é mais estranho, um vereador não pode fazer leis que onerem o erário público. Isso é aplicação do executivo, somente deve partir do executivo um projeto ou lei que venha dar gasto público, estranho não? Resumindo, um vereador fica com as mãos e pernas amarradas, somente podendo falar (comentar). Sim apenas isso é permitido, denunciar, fiscalizar, arbitrar...mas convenhamos é muito pouco, a maioria das câmaras dizem apenas sim ou não aos projetos do executivo, até as emendas são difíceis, no meu mandato fiz variadas emendas no orçamento e não fui atendido, é isso mesmo, o prefeito pode atender ou não tais emendas, resumindo, o prefeito faz o que quer.
Ou melhor, fazia, na segunda seção camarária de outubro, as contas do 'Príncipe Regente da República dos Paralelepípedos' não foram aprovadas e nosso alcaide sofreu sua primeira derrota política, por maioria simples 5 vereadores (favoráveis as contas) a 4 vereadores (favoráveis ao parecer do Tribunal de Contas do Estado) - órgão auxiliador das câmaras municipais - o parecer do Tribunal foi confirmado ficando rejeitadas as contas do prefeito Jardel de Araújo, claro que praticamente não teve repercução na mídia, e pelos seus depoimentos em uma rádio local, tentou deixar a população despreocupada, mas será que ele está?
Nossa prefeitura ruma para ter mais um prefeito no rol dos fichas-sujas, já tivemos dois e provavelmente serão três, é uma pena.
Definitivamente, nosso legislativo municipal está a caminho de andar com as próprias pernas e não ser mais um servo ou escravo do poder executivo pirajuiense. Parabéns aos verdadeiros amigos do povo de Pirajuí, são eles Wandão Grejo, Leila Neme, Cirineu e Davi da Bicicleta, felicito-os pela coragem e honra a seus mandatos de vereador, tudo isso logo passa, mas o que sempre fica é a valorização da dignidade, da honra e do sentimento de missão cumprida, isso já está nos anais de nossa história e vocês fazem parte dela.
sábado, 30 de outubro de 2010
Véspera de eleição
Nunca estive tão estranho em uma véspera de eleição como esta, um segundo turno sem graça, sem comentários, discussões, e porque não dizer calor? Parece um torcedor paulista na final de brasileirão decidida entre Atlético Goianiense X Avaí, pô tá difícil...O Serra com esse pelo amor de Deus, vote em mim, e a Dilma com aquela cara de quem comeu e não gostou. E as propostas? Cadê as propostas de governo? Onde estão os planos de governo da petista e do tucano? Tá parecendo eleição de cidade de interior onde se vota na pessoa e não nas idéias e propostas. É realmente um desrespeito com o cidadão brasileiro, que sofre com essa exorbitância de impostos que assolam esse povo tão sofrido que ainda pisa na lama, que não possui coleta de esgoto, quem dirá tratamento, profissionas que são mal remunerados, mas tá aí!!! Tá quase que fecha o zóio e manda bala...candidatos sem compromisso, com uma política baseada em ataques pessoais, e nós povo brasileiro como diria Lima Barreto, "o Brasil não tem um povo e sim uma grande platéia", tá tudo muito bom, o Lula aumentou a idade pro brasileiro se aposentar de 60 para 65 anos não se ouviu um burburinho sequer nas ruas, olha lá o escarceu que os franceses fizeram por causa de dois míseros anos, pararam o país.
E nós diretamente da República dos Paralelepípedos mais conhecida como Pirajuí, nos despedimos esperançosos que pelo menos tenhamos mais quatro anos de expectativa de um Brasil melhor e menos injusto.
Até!
domingo, 24 de outubro de 2010
O sentido da nossa independência
Na nossa visão tanto José Serra quanto Dilma Rousseff são pessoas dignas, tem uma trajetória limpa, representam idéias de um campo “grosso modo” social-democrata além de um passado de resistência à ditadura e participação na construção da imperfeita democracia que temos. Ambos fazem parte de alianças onde figura o pior das oligarquias políticas tradicionais e estão associados a interesses que resistem fortemente contra nossa agenda ambiental de sustentabilidade e economia de baixo carbono. Recebo esses e-mails de dilmistas afoitos ou serristas histéricos cujo grande argumento é a satanização por associação: “não podem apoiar que está com Katia Abreu, Blairo Maggi ou Ronaldo Caiado!” ou “não podem apoiar com quem está com Jader Barbalho, Stephanes e Calheiros!”. Já fiz um corte & cola pelo qual envio os vilões de uns para os outros.
As propagandas negativas de ambos seriam francamente cômicas não fosse trágica essa regressão cultural propiciada pela polêmica do aborto nos termos em que se dá. Estou seguro que, no íntimo, tanto Dilma quanto Serra concordam com a posição programática dos verdes. Somos contra a prática do aborto, queremos reduzi-lo cada vez mais (e idealmente a zero) mas achamos que o caminho para isso se dá pela via da redução do sofrimento e do respeito à vida das mulheres pobres. Passa pela descriminalização combinada à educação sexual e contraceptiva. É abjeta a hipocrisia da sua criminalização com todas essas clinicas --com nome de santo-- funcionando normalmente para a classe media e pagando pedágio para a corrupção policial enquanto milhares de jovens pobres ficam submetidas a situações de alto risco.
Uma inimaginável repressão, à sério, como uma que se esboçou efemeramente, nos anos 60, pelas mãos histriônico delegado Padilha, com prisões e fechamentos em massa de clínicas, provocaria pura e simplesmente uma epidemia de auto-abortos e o recurso generalizado às “fazedoras de anjo” com centenas de óbitos, coisa que até hoje governo algum ousou bancar (e a própria Igreja, de fato, nunca buscou). A hipocrisia acaba servindo melhor a todos, sobretudo em período eleitoral.
Paradoxalmente, discorda dessa nossa posição programática a própria Marina, amparada na “cláusula de consciência”, que o PV, lhe garante, por motivos religiosos. A grande diferença é que ela sempre expressou sua posição com clareza e sinceridade sua posição religiosa sobre o tema e jamais a utilizou como arma eleitoreira. Pelo contrário, no início do processo, foi insistentemente alvejada pelos twitteiros e blogueiros petistas tentando abafar seu potencial de crescimento à esquerda, tachando-a de “fundamentalista” ou conservadora, por causa disso. O tiro saiu pela culatra e o feitiço voltou-se contra os feiticeiros. Mas isso não nos serve de consolo porque atitude regressiva e insincera na qual ambos candidatos ao segundo turno se refugiaram bem como sua neo-carolice forçada é simplesmente deprimente. Já Marina, a religiosa de verdade, soube subordinar o tema à soberania popular de nossa república laica --daí sua proposta de um referendo-- e sabe dialogar de forma sincera e amorosa com todos: religiosos de todas denominações, agnósticos e ateus.
Procuramos elevar o nível do debate no segundo turno apresentando nossa Agenda Verde de 10 pontos e 42 itens. Houve, reconheçamos, um esforço meritório por parte das duas candidaturas de assimilar a maioria deles com uma resposta, por escrito, mais consistente por parte do PT. De um modo geral, no entanto, a questão ambiental virou a grande ausente dos debates do segundo turno. O sentido da agenda não era subordinar a sua aceitação o apoio formal a um dos candidatos mas colocar esses temas no segundo turno fazendo ambos assumirem seus compromissos publicamente. No futuro, com nossa vigilância, a população e a imprensa vai lhes cobrar a palavra empenhada.
Nossa posição de independência é também uma de humildade. O fato é que não estamos no segundo turno e os 20 milhões de votos do primeiro não pertencem a Marina Silva, muitos menos ao PV. Foram dados naquele momento, no dia seguinte voltam a pertencer ao eleitor. O que podemos fazer de melhor, agora, é oferecer-lhes os melhores subsídios para uma decisão consistente e adulta, por si mesmos, entre as duas opções que permanecem.
E, sobretudo, apontar para o futuro, pois Marina e os verdes vieram para ficar.
escrito por Sirkis
escrito por Sirkis
A posição de independência de Marina Silva e do Partido Verde em relação ao duelo de segundo turno entre Dilma Rousseff e José Serra era a única atitude a se tomar se entendemos que a história do Brasil não para no dia 31 de outubro. Não posicionar-se em apoio ou em hostilidade a um ou outra nos pareceu o mais coerente para quem tem uma visão crítica da política brasileira tal qual é hoje. Recusamos a clássica negociação “pragmática” de segundo turno envolvendo promessas de cargos --que aliás, justiça seja feita, sequer tiveram oportunidade de serem formuladas-- e procuramos conduzir o debate com o PT e o PSDB para um campo de discussão programático. Recusamos a demonização de Dilma Rousseff ou de José Serra, não compactuamos com discursos paranóicos e anátemas. No caso, não cabe votar em um(a) só pelo suposto terrível mal representado pelo (a) outro (a). Como disse Marina, vamos parar de infantilizar o eleitor.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Marina apresenta agenda para um Brasil justo e sustentável aos candidatos do 2º turno
A senadora Marina Silva e o partido Verde apresentaram hoje as propostas que serão entregues aos candidatos ao segundo turno da campanha presidencial a fim de buscar compromissos programáticos para um Brasil Justo e Sustentável, bem como a construção da governabilidade com base em princípios e valores éticos.
As propostas foram elaboradas a partir das Diretrizes para o Programa de Governo da Candidatura de Marina Silva à Presidência da República “Juntos pelo Brasil que Queremos”.
A Agenda por um Brasil Justo e Sustentável contém dez compromissos: transparência e ética; Reforma Eleitoral; educação para a sociedade do conhecimento; segurança pública; mudanças climáticas, energia e infraestrutura; seguridade social (saúde, assistência social e previdência); proteção dos biomas brasileiros; gasto público de custeio e Reforma Tributária; política externa; e fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural.
As propostas foram elaboradas a partir das Diretrizes para o Programa de Governo da Candidatura de Marina Silva à Presidência da República “Juntos pelo Brasil que Queremos”.
A Agenda por um Brasil Justo e Sustentável contém dez compromissos: transparência e ética; Reforma Eleitoral; educação para a sociedade do conhecimento; segurança pública; mudanças climáticas, energia e infraestrutura; seguridade social (saúde, assistência social e previdência); proteção dos biomas brasileiros; gasto público de custeio e Reforma Tributária; política externa; e fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Rapaz! E o Netinho que disse que teria inúmeros projetos pros homens e uma ‘porrada’ de projetos pras mulheres!!!
E a Dilma que não conseguiu 51% porque o Lulla tomou tudo.
Você viu? O segundo turno cairá no dia 31, dia das bruxas, o vampiro de um lado e a madame Mim do outro, dureza hêim!!!!
Ta difícil pra eu torcer pra alguém, preciso de um viagra eleitoral, nunca fiquei tão sem tesão pra votar, ô eleição chocha meu pai!!!!!!!!!
E a Dilma que não conseguiu 51% porque o Lulla tomou tudo.
Você viu? O segundo turno cairá no dia 31, dia das bruxas, o vampiro de um lado e a madame Mim do outro, dureza hêim!!!!
Ta difícil pra eu torcer pra alguém, preciso de um viagra eleitoral, nunca fiquei tão sem tesão pra votar, ô eleição chocha meu pai!!!!!!!!!
sábado, 9 de outubro de 2010
Deus, aborto e família são "causos" políticos?
É de se estranhar o que vemos nos horários políticos brasileiros em relação ao eleitorado brasileiro onde um palhaço é o campeão de voto no estado mais rico da nação.
Moralismo, respeito à família e liberdade religiosa são alguns dos direitos garantidos pela constituição, inclusive são cláusulas pétreas, a impressão que temos é que existe um obscurantismo e perseguições religiosas em nosso país.
Horários políticos recheados de mulheres grávidas enfatizando o respeito à vida, palavras de apelo moral, invocando Deus, etc.
Para um Estado democrático e laico como o nosso, recorrer a Deus para despertar simpatia a duas candidaturas mais “sem graça” dos últimos tempos, onde não existe ninguém de expressão, nenhum ‘estadista’, cuja mulher interiorana, religiosa, (inclusive agradando não somente os evangélicos como toda comunidade católica) que defende idéias totalmente diferentes que pregam seu partido em âmbito mundial, e inclusive ‘perdeu’ a eleição, foi a grande vencedora, apresentou não apenas um projeto de poder, mas, um projeto para o país.
Pra mim, as 'ereções' 2010, sem a Marina, votarei sem tesão algum...
Forte abraço!
Moralismo, respeito à família e liberdade religiosa são alguns dos direitos garantidos pela constituição, inclusive são cláusulas pétreas, a impressão que temos é que existe um obscurantismo e perseguições religiosas em nosso país.
Horários políticos recheados de mulheres grávidas enfatizando o respeito à vida, palavras de apelo moral, invocando Deus, etc.
Para um Estado democrático e laico como o nosso, recorrer a Deus para despertar simpatia a duas candidaturas mais “sem graça” dos últimos tempos, onde não existe ninguém de expressão, nenhum ‘estadista’, cuja mulher interiorana, religiosa, (inclusive agradando não somente os evangélicos como toda comunidade católica) que defende idéias totalmente diferentes que pregam seu partido em âmbito mundial, e inclusive ‘perdeu’ a eleição, foi a grande vencedora, apresentou não apenas um projeto de poder, mas, um projeto para o país.
Pra mim, as 'ereções' 2010, sem a Marina, votarei sem tesão algum...
Forte abraço!
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Pirajuienses é hora do PV dizer MUITO OBRIGADO pelos 6.327 votos
distribuídos aos nossos candidatos neste município
Com responsabilidade, inauguraremos uma nova fase do Partido Verde local ao nos consolidarmos como a terceira força política deste país. Nossa candidata à presidência, Marina Silva com 2.477 votos e os candidatos Fabio Feldmann ao Governo do Estado com 447 votos e Ricardo Young ao Senado com 2.084 votos foram peças fundamentais na inclusão dos temas da sustentabilidade e da ética na agenda nacional, não apenas como vetores deste processo, mas como protagonistas cujas trajetórias passaram a exercer grande influência nos diferentes segmentos sociais, sobretudo entre os jovens.
A positiva resposta dos eleitores locais também se manifestou na eleição de nove deputados estaduais com 519 votos e seis deputados federais com 820 votos, que irão representar nosso ideário nas casas legislativas.
E é com o entusiasmo redobrado que seguimos para uma nova fase do Partido Verde local, inspirados no exemplo de Marina Silva, vamos reinventar Pirajuí. A todos, o nosso muito obrigado!
Partido Verde de Pirajuí
distribuídos aos nossos candidatos neste município
O Partido Verde local agradece a confiança dos Pirajuienses manifestada pela expressiva votação no último domingo e parabeniza a chapa de candidatos do PV que tanto contribuíram para este histórico resultado.
Com responsabilidade, inauguraremos uma nova fase do Partido Verde local ao nos consolidarmos como a terceira força política deste país. Nossa candidata à presidência, Marina Silva com 2.477 votos e os candidatos Fabio Feldmann ao Governo do Estado com 447 votos e Ricardo Young ao Senado com 2.084 votos foram peças fundamentais na inclusão dos temas da sustentabilidade e da ética na agenda nacional, não apenas como vetores deste processo, mas como protagonistas cujas trajetórias passaram a exercer grande influência nos diferentes segmentos sociais, sobretudo entre os jovens.
A positiva resposta dos eleitores locais também se manifestou na eleição de nove deputados estaduais com 519 votos e seis deputados federais com 820 votos, que irão representar nosso ideário nas casas legislativas.
E é com o entusiasmo redobrado que seguimos para uma nova fase do Partido Verde local, inspirados no exemplo de Marina Silva, vamos reinventar Pirajuí. A todos, o nosso muito obrigado!
Partido Verde de Pirajuí
domingo, 3 de outubro de 2010
Eleições
Hoje é dia de eleições...Meus candidatos são Chico Sardelli 43033estadual
Penna 4343 federal
Senador Ricardo Young 430
Moacir Franco 177
Governador Fábio Feldman 43
Presidente Minha querida Marina 43
Agradeço desde já os votos de todos os amigos e sim,patizantes de nossa causa, e até as apurações....
Penna 4343 federal
Senador Ricardo Young 430
Moacir Franco 177
Governador Fábio Feldman 43
Presidente Minha querida Marina 43
Agradeço desde já os votos de todos os amigos e sim,patizantes de nossa causa, e até as apurações....
Politicando...
O Brasil inteiro acorda hoje e se pergunta quem ocupará o cargo mais importante da nação: diretor executivo do Flamengo.
Ninguém sabe se a candidatura verde de Marina vai amadurecer a tempo e mudar a história. É certo que Marina insiste no segundo turno, mas seu marido diz que não tem mais idade para isso.
A grande surpresa foi Plínio de Arruda Sampaio que, aposentado, agora poderá cuidar de seu dinossaurinho de estimação.
É certo que Serra se esforçou bastante. No último debate, por exemplo, esteve brilhante. Pelo menos na careca. O candidato disse que não tem duas caras. Isso é evidente. Porque se ele tivesse duas caras, certamente não usaria essa. O Serra é igual ao Flamengo: começou campeão e terminou rebaixado.
Dilma pode até ser eleita, mas a musa dessa eleição foi mesmo Weslian Roriz. Ela foi treinada para o debate pela Vanusa e pelo Plínio.
Agora é torcer para não valer o velho ditado de que o que político fala não se escreve. Até porque, se a gente escrevesse, o Tiririca não ia ler mesmo.
Ninguém sabe se a candidatura verde de Marina vai amadurecer a tempo e mudar a história. É certo que Marina insiste no segundo turno, mas seu marido diz que não tem mais idade para isso.
A grande surpresa foi Plínio de Arruda Sampaio que, aposentado, agora poderá cuidar de seu dinossaurinho de estimação.
É certo que Serra se esforçou bastante. No último debate, por exemplo, esteve brilhante. Pelo menos na careca. O candidato disse que não tem duas caras. Isso é evidente. Porque se ele tivesse duas caras, certamente não usaria essa. O Serra é igual ao Flamengo: começou campeão e terminou rebaixado.
Dilma pode até ser eleita, mas a musa dessa eleição foi mesmo Weslian Roriz. Ela foi treinada para o debate pela Vanusa e pelo Plínio.
Agora é torcer para não valer o velho ditado de que o que político fala não se escreve. Até porque, se a gente escrevesse, o Tiririca não ia ler mesmo.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Todo cuidado é pouco, tanto pra quem vota, quanto pra quem apoia!
Hoje saindo pro trabalho me surpreendi com um papel "jogado" na porta da minha casa assinado por um vereador discorrendo sobre dois candidatos do PP, diga-se de passagem não configuram com o quadro do partido que ele, vereador se encontra que é o PDT, isso seria apenas mais um agente político da cidade cometendo o crime de infidelidade partidária, mas o que me chamou atenção foi o que estava escrito no papel assinado pelo referido vereador, dizendo que a deputada federal Aline correia, abre aspas - "Ficha suja" se enquadra nos crimes:
AÇÃO PENAL Nº 473, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA/QUADRILHA OU BANDO/CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA/FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO/ CRIMES DE OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS OU VALORES *
Aline Corrêa de Oliveira Andrade Vice-prefeita PP São Paulo SP Processos
AÇÃO PENAL Nº 473, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA/QUADRILHA OU BANDO/CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA/FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO/ CRIMES DE OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS OU VALORES *
Informa que ela enviou uma verba de cento e cinquenta mil reais para construção de galerias na Vila Ortiz, isso seria totalmente compreensivel se essa dita verba já não estivesse sido repassada aos cofres municipais pelo deputado estadual Chico Sardelli - PV através de emenda parlamentar, inclusive verba esta que foi pedida pelo Partido Verde local e prontamente atendida pelo deputado Chico Sardelli.
Agora, não é de se estranhar quando consegui durante o meu mandato de vereador uma verba intermediada - através de emenda parlamentar do deputado estadual Marcos Martins para esgoto no Jardim Aclimação, e também tivemos mais três vereadores que se intitularam "pais" de tal obra,.. Engraçado, filho bonito todo mundo quer ser pai, mas ir atrás de verba ninguém quer, depois de ter conseguido a verba para Pirajuí, você tem que passar por uma "sacanagem" dessas, ter um desgaste desnecessário como esse, desses "aproveitadores e caroneiros" de plantão que infelizmente povoam a política pirajuiense.
o vereador foi para mim um excelente vereador, é inconteste sua vida pública, homem que priva pela ética na política, sua vida e seus mandatos sempre pautados em ajudar o próxino, tem candidatos competentes em seu partido dignos do apoio dele, tem total condições de apoiar um bom candidato sem precisar se expor a um desgaste ou precise dizer inverdades para a população pirajuiense.
Vocês já repararam nos jornaizinhos dos candidatos que circulam na cidade?
Quantos políticos são pais da mesma obra?
A lagoa de tratamento tem até agora cinco pais,
a escola federal lá no Bairro Prof. Wilson Augusto Bispo conta com aproximadamente 9 pais,
o parque do povo, (idéia minha publicada no meu plano de governo com a candidatura a prefeito em 2000 - inclusive com o mesmo nome) nem começoaram as obras e já contamos aproximadamente com 15 pais pra essa referida obra.
Reparem que são poucos os jornais intitulados pelos próprios políticos, geralmente são jornais confeccionados pelos representantes de nossa cidade pedindo apoio, dê preferência aos veículos mais sérios ou materiais de campanha confeccionados pelo próprio candidato, a possibilidade de ser enganado é bem mais baixa.
Candidatos ficha suja, por favor caríssimo eleitor, não vote!!!!!!
Tá falado!
Rodrigo Giora Schias ex-vereador e Presidente do Partido Verde de Pirajuí.
* texto extraído do site O Arquivo, postado dia 01 de outubro de 2009. Segue link anexo.
domingo, 26 de setembro de 2010
Fome de Marina
Por José Ribamar Bessa Freire
(Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)
Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.
Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.
A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?
O mapa da fome
A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.
Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.
Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.
Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.
Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.
Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".
Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.
Sem mais...
(Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)
Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.
Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.
A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?
O mapa da fome
A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.
Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.
Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.
Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.
Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.
Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil...
Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.
Sem mais...
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Agradecimento
Quero usar esse espaço para agradecer a funcionária Sra. Laura Maggi Trotti Fabrício do Centro de Saúde de Pirajuí, por conseguir uma consulta no encaminhamento a um especialista para meu querido filho e estendido à sua Diretora, grato ao Sr. Dr. Eduardo Carvalho de Andrade pelo sentimento humanístico e amor a profissão. Paz e saúde a todos...
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Você sabe o que é o dia mundial sem carro?
O Dia Mundial Sem Carro é celebrado todos os anos no dia 22 de setembro. A comemoração surgiu na França, no final da década de 90, quando cidadãos de 35 cidades francesas decidiram deixar o carro em casa em busca de formas alternativas de se locomover. A ideia chegou ao Brasil em 2001 e o movimento não parou mais de crescer. A cada ano mais cidades brasileiras aderem com parcerias das prefeituras que fecham ruas e fazem ações de passeios de bicicleta ou caminhadas como ações de conscientização para o uso racional dos automóveis e de estímulo a formas mais sustentáveis de mobilidade.
O principal motivo da celebração é diminuir a quantidade de carros individuais nas cidades. Os problemas são os que já conhecemos: grandes congestionamentos, poluição do ar e sonora, isolamento urbano, acidentes fatais, problemas de saúde, alto consumo de combustíveis fósseis, gastos aos cofres públicos, queda de produtividade e redução da qualidade de vida.
No Brasil, de acordo com dados de 2010 do Denatran, existem 35 milhões de automóveis no país. A cidade de São Paulo é líder com a estatística de um carro por dois habitantes. Se você acha muito, nos Estados Unidos esse número é 1,3 habitante por carro, na Itália 1,5 habitante/carro e no Japão, Espanha, Canadá e Alemanha 1,7 habitante/carro.
Esses dados mostram o colapso que as grandes cidades em todo o mundo vêm sofrendo. Assim, mais de 40 países celebram o Dia Mundial Sem Carro.
Especialistas alertam que o grande vilão não é o carro sozinho, mas a "cultura do carro" que se instalou fazendo com que as pessoas sonhem com carro próprio suportando um modelo insustentável. "O mais sensato seria criar mecanismos para restringir a quantidade de carros circulando em zonas criticas da cidade e redesenhar a mobilidade de toda a cidade, inclusive com a participação da iniciativa privada", alerta Lincoln Paiva, diretor da Green Mobility.
texto de Vitor Jardim
O principal motivo da celebração é diminuir a quantidade de carros individuais nas cidades. Os problemas são os que já conhecemos: grandes congestionamentos, poluição do ar e sonora, isolamento urbano, acidentes fatais, problemas de saúde, alto consumo de combustíveis fósseis, gastos aos cofres públicos, queda de produtividade e redução da qualidade de vida.
No Brasil, de acordo com dados de 2010 do Denatran, existem 35 milhões de automóveis no país. A cidade de São Paulo é líder com a estatística de um carro por dois habitantes. Se você acha muito, nos Estados Unidos esse número é 1,3 habitante por carro, na Itália 1,5 habitante/carro e no Japão, Espanha, Canadá e Alemanha 1,7 habitante/carro.
Esses dados mostram o colapso que as grandes cidades em todo o mundo vêm sofrendo. Assim, mais de 40 países celebram o Dia Mundial Sem Carro.
Especialistas alertam que o grande vilão não é o carro sozinho, mas a "cultura do carro" que se instalou fazendo com que as pessoas sonhem com carro próprio suportando um modelo insustentável. "O mais sensato seria criar mecanismos para restringir a quantidade de carros circulando em zonas criticas da cidade e redesenhar a mobilidade de toda a cidade, inclusive com a participação da iniciativa privada", alerta Lincoln Paiva, diretor da Green Mobility.
texto de Vitor Jardim
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
O que é Politicamente correto?
Este não é um blog estritamente político, tem várias opiniões e de variados assuntos, por essa razão a evocação ao termo o imbróglio, mas, essa palavra também se refuta as trapalhadas que acontecem no governo local, quando se perde o foco principal, nós sempre viremos intervir.
Evidentemente nas ruas, apesar de não de não estar contribuindo com nossa comunidade como vereador, todos sabem que sou político, e estar na presidência de um partido político que é o Partido Verde nos remete a um chamamento às responsabilidades que a sociedade nos implica, principalmente quando você sente a clara insatisfação de cidadãos que possivelmente vêem obras públicas sendo realizadas para benefício de familiares do nosso alcaide.
Esse governo por diversas vezes fez algo que a constituição expressamente condena, a lei deve ser observada em quatro diretrizes básicas conhecidas também como princípios que se seguem:
1. Legalidade: o administrador só pode agir ou não de acordo com a lei, o interesse público e a moralidade.
2. Interesse público: o ato público só terá validade se o administrador agir para atender ao bem estar da coletividade, ou seja, ao interesse público primário. Ele não pode se realizado visando ao interesse próprio, nem ao interesse público secundário (órgãos públicos e governantes).
3. Supremacia do interesse público: o interesse público prevalece sobre o individual, sendo respeitadas as garantias constitucionais e as indenizações.
4. Moralidade. Trata-se da moral administrativa, ou ética profissional, que consiste no "conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão". Violar a moral, neste sentido, é como violar o próprio direito.
É importante ressaltar que, na anulação de um ato administrativo, o Judiciário precisa examinar a legalidade estrita, a moralidade do ato, e o interesse público.
LEGALIDADE COMUM = lei
LEGALIDADE ADMINISTRATIVA = lei + interesse + moralidade
5. Impessoalidade. A administração deve servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidárias.
O MÉRITO DOS ATOS PERTENCE À ADMINISTRAÇÃO, E NÃO ÀS AUTORIDADES QUE OS EXECUTAM.
A publicidade dos órgãos públicos deve ser impessoal, não podendo conter nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal (art. 37, § 1a, da CF).
6. Publicidade. Os atos públicos são divulgados de forma oficial, para terem efeito.
Entre as exceções estão:
Investigações policiais
Processos cíveis em segredo de justiça
7. Finalidade da administração: atender ao interesse público visado pela Lei, senão é caracterizado como abuso de poder, acarretando a nulidade do ato.
8. Indisponibilidade. A administração não pode transigir, ou deixar de aplicar a lei, senão nos casos expressamente permitidos. Nem dispor de bens, verbas ou interesses fora dos restritos limites legais.
9. Continuidade. Os serviços públicos não podem parar. Não deveria haver greve sem limites no mesmo. Mas o assunto ainda aguarda regulamentação por lei. O militar é proibido de fazer greve.
O particular contratado para executar serviço público não pode interromper a obra sob a alegação de não ter sido pago. Pode suspender os serviços apenas no caso de atraso de pagamento por mais de 90 dias, caso não haja calamidade pública, perturbação da ordem ou guerra.
10. Autotutela: A administração pode corrigir seus atos:
Revoga os irregulares ou inoportunos.
Quando anula atos ilegais, deve respeitar os direitos adquiridos e indenizar os prejudicados, se for o caso.
11. Motivação (fundamentação). Os atos administrativos devem ser justificados de fato e de direito.
12. Razoabilidade. A administração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional,
13. Proporcionalidade. Este princípio já está contido no anterior.
14. Igualdade. Dentro das mesmas condições, todos devem ser tratados de maneira igual.
15. Controle judicial. Todos os atos administrativos estão sujeitos ao crivo judicial. "A lei não excluirá da análise do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" (art. 5a, XXXV, da CF).
No Brasil, as decisões administrativas podem ser contempladas pelo Judiciário. Mas, o juiz não pode analisar o mérito do ato administrativo discricionário.
16. Hierarquia. Os órgão e agentes de nível superior podem rever, delegar ou abraçar atos e atribuições. A hierarquia limita-se apenas ao campo do Poder Executivo, Não se aplicando a funções típicas judiciais ou legislativas.
17. Poder-dever. A administração tem o poder e o dever de agir, dentro de sua competência, de acordo com o apontado em lei.
18. Eficiência. O serviço público deve ser enérgico e deve atender à necessidade para o qual foi criado.
19. Especialidade. As autarquias não podem ter outras funções além daquelas para as quais foram criadas, salvo alteração legal posterior.
Como você pôde analisar na Constituição, já há algum tempo, obras e serviços na cidade não estão sendo feitos com essa base constitucional, isso atrapalha a gestão pública e dá caráter pessoal àquilo que é de ordem pública.
No nosso mandato de vereador, estivemos pautados sempre por observar a lei e indiscutivelmente, fazer dela a base de todos os nossos atos como pessoa pública e isso nos trouxe alguns reveses, inimizades de pessoas que seus conceitos políticos não vão além dos seus próprios umbigos, e o que a gente vê é isso aí!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
A bandeira da liberdade de imprensa como farsa e engodo da grande mídia
As associações, sindicatos patronais e veículos da grande mídia individualmente têm figurado no polo ativo de grandes questões pertinentes a um direito fundamental da sociedade brasileira, a liberdade de expressão. Dois episódios ilustram os mais recentes embates em torno do tema: a invalidação do diploma de jornalismo pelo STF e os projetos de governo que visam regulamentar a oferta de informação.
Todos são rebatidos sob o argumento de ofensa à liberdade de imprensa. Mas que liberdade é essa, afinal? A Constituição diz que a manifestação do pensamento, a expressão e a plena liberdade de informação jornalística não sofrerão qualquer censura, embaraço ou restrição. Mas também diz claramente que os meios de comunicação não podem ser objeto de oligopólios. E vai além, estabelecendo os princípios norteadores da programação audiovisual: preferência a finalidades educativas, artísticas e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente; respeito aos valores éticos da pessoa e da família.
Agora, o que realmente conhecemos hoje como liberdade de imprensa e de expressão?
É a liberdade das elites econômicas do País de controlar e manipular consciências, de disseminar uma visão unipolar do mundo, de monopolizar o direito à expressão, de calar as vozes dissonantes capazes de desestabilizar o status quo. Julgando-se arautos e guardiães da liberdade de imprensa e expressão, eles investem contra toda e qualquer tentativa de discutir os limites da atuação do jornalismo e do entretenimento atual. Qualquer reflexão capaz de questionar o modo como a programação é afetada por decisões de marketing, metas de lucratividade e valores mercadológicos em contraposição a valores sociais – sempre em segundo plano –, causa verdadeiro terror aos magnatas da comunicação.
Basta desligar a TV, parar um minuto e refletir: Quem são os donos da mídia? Quem patrocina os programas? Grandes acionistas e anunciantes elaboram um conteúdo esteticamente preparado para a sedução, a persuasão e o divertimento leve e descomprometido. A eles, não interessa estimular a capacidade crítica de suas audiências, atividade arriscada que poderia levar a um decréscimo inaceitável em seus sempre crescentes faturamentos. Pesados investimentos em publicidade têm destino certo, calculado estatisticamente e medido em variáveis do mercado consumidor, tudo com a mais recente tecnologia a serviço das metas de marketing.
A verdade é que somos disputados pelas marcas o tempo todo. Os anúncios publicitários já encontraram técnicas e métodos de invadir o espaço editorial e nos capturar no meio do programa televisivo ou no meio da leitura da notícia. Contaminado pela ânsia de vender o produto-notícia, o gênero jornalístico já abusa de recursos sensacionalistas para prender a audiência, impedida de desligar a TV ou trocar de canal, sob pena de perder o mais recente e importante desdobramento do crime que mobilizou a opinião pública do País.
As redes sociais na internet, apesar de darem voz e visibilidade a quem de outro modo jamais alcançaria um grande público, continuam sendo produtos e serviços de grandes corporações da internet. Eles oferecem ferramentas com funções idênticas, gratuitas ou pagas, para que você fique cada vez mais tempo conectado em seus domínios. Cada clique se reverte em verba paga ao provedor. Todo movimento é monitorado por softwares de mapeamento de navegação. Seus costumes, gostos, tempo e percurso de navegação, tudo é analisado e armazenado para compor seu perfil como visitante. E oferecer produtos que terão um maior apelo a seus interesses de consumo.
Embora engolfados pelo ritmo das mudanças nas tecnologias, processos e meios de comunicação, não podemos correr o ridículo de soar pessimistas, retrógrados ou saudosistas. Não condenamos necessariamente a inovação midiática, mas sim a apreciação acrítica e alienada de seus instrumentos. Faz-se necessário refletir se o tempo excessivo que o brasileiro passa na internet ou assistindo televisão se converte em benefício para sua formação como ser humano.
Será que a sociedade brasileira está satisfeita com o tipo de informação a que está exposta? Será que abrir um amplo debate junto à população para questionar os termos e limites de exercício da produção cultural como é feita hoje é realmente um ato atentatório à liberdade de imprensa e expressão? É imprescindível desligar a TV, parar um minuto e refletir.
* Jenifer Leão é jornalista, graduada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente, cursa Pós-Graduação em Assessoria de Comunicação e Marketing, pelo Centro Universitário – Cesmac.
Todos são rebatidos sob o argumento de ofensa à liberdade de imprensa. Mas que liberdade é essa, afinal? A Constituição diz que a manifestação do pensamento, a expressão e a plena liberdade de informação jornalística não sofrerão qualquer censura, embaraço ou restrição. Mas também diz claramente que os meios de comunicação não podem ser objeto de oligopólios. E vai além, estabelecendo os princípios norteadores da programação audiovisual: preferência a finalidades educativas, artísticas e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente; respeito aos valores éticos da pessoa e da família.
Agora, o que realmente conhecemos hoje como liberdade de imprensa e de expressão?
É a liberdade das elites econômicas do País de controlar e manipular consciências, de disseminar uma visão unipolar do mundo, de monopolizar o direito à expressão, de calar as vozes dissonantes capazes de desestabilizar o status quo. Julgando-se arautos e guardiães da liberdade de imprensa e expressão, eles investem contra toda e qualquer tentativa de discutir os limites da atuação do jornalismo e do entretenimento atual. Qualquer reflexão capaz de questionar o modo como a programação é afetada por decisões de marketing, metas de lucratividade e valores mercadológicos em contraposição a valores sociais – sempre em segundo plano –, causa verdadeiro terror aos magnatas da comunicação.
Basta desligar a TV, parar um minuto e refletir: Quem são os donos da mídia? Quem patrocina os programas? Grandes acionistas e anunciantes elaboram um conteúdo esteticamente preparado para a sedução, a persuasão e o divertimento leve e descomprometido. A eles, não interessa estimular a capacidade crítica de suas audiências, atividade arriscada que poderia levar a um decréscimo inaceitável em seus sempre crescentes faturamentos. Pesados investimentos em publicidade têm destino certo, calculado estatisticamente e medido em variáveis do mercado consumidor, tudo com a mais recente tecnologia a serviço das metas de marketing.
A verdade é que somos disputados pelas marcas o tempo todo. Os anúncios publicitários já encontraram técnicas e métodos de invadir o espaço editorial e nos capturar no meio do programa televisivo ou no meio da leitura da notícia. Contaminado pela ânsia de vender o produto-notícia, o gênero jornalístico já abusa de recursos sensacionalistas para prender a audiência, impedida de desligar a TV ou trocar de canal, sob pena de perder o mais recente e importante desdobramento do crime que mobilizou a opinião pública do País.
As redes sociais na internet, apesar de darem voz e visibilidade a quem de outro modo jamais alcançaria um grande público, continuam sendo produtos e serviços de grandes corporações da internet. Eles oferecem ferramentas com funções idênticas, gratuitas ou pagas, para que você fique cada vez mais tempo conectado em seus domínios. Cada clique se reverte em verba paga ao provedor. Todo movimento é monitorado por softwares de mapeamento de navegação. Seus costumes, gostos, tempo e percurso de navegação, tudo é analisado e armazenado para compor seu perfil como visitante. E oferecer produtos que terão um maior apelo a seus interesses de consumo.
Embora engolfados pelo ritmo das mudanças nas tecnologias, processos e meios de comunicação, não podemos correr o ridículo de soar pessimistas, retrógrados ou saudosistas. Não condenamos necessariamente a inovação midiática, mas sim a apreciação acrítica e alienada de seus instrumentos. Faz-se necessário refletir se o tempo excessivo que o brasileiro passa na internet ou assistindo televisão se converte em benefício para sua formação como ser humano.
Será que a sociedade brasileira está satisfeita com o tipo de informação a que está exposta? Será que abrir um amplo debate junto à população para questionar os termos e limites de exercício da produção cultural como é feita hoje é realmente um ato atentatório à liberdade de imprensa e expressão? É imprescindível desligar a TV, parar um minuto e refletir.
* Jenifer Leão é jornalista, graduada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente, cursa Pós-Graduação em Assessoria de Comunicação e Marketing, pelo Centro Universitário – Cesmac.
'Com certeza não daria a audiência que foi dada a Ahmadinejad', diz Marina Silva
"Canditada Marina Silva foi a última entrevistada na série promovida pelo Jornal da Globo"
SÃO PAULO - Nesta quarta-feira, 1º, a candidata à Presidência, Marina Silva (PV), foi entrevistada no Jornal da Globo, na sede da TV Globo, em São Paulo. Ela criticou a atuação do Brasil na política externa do governo Lula em relação ao Irã, fez críticas ao tucano José Serra por ter feito uso de uma favela virtual na propaganda eleitoral e defendeu regras para o agronegócio. Ao mesmo tempo, sustentou que o etanol já deveria ter se tornado uma commodity internacional. Política externa Para Marina, o Brasil tem que dar continuidade à 'cultura de paz' e que o País não pode fazer nenhum movimento contra a relação pacífica entre os povos. Ao mesmo tempo, a candidata verde criticou a forma como foi feito o diálogo com o Irã, que segundo ela, está contra os princípios da defesa da democracia e dos direitos humanos. 'Com certeza não daria a audiência que foi dada a Ahmadinejad, que causou um estranhamento nas democracias ocidentais', ponderou Marina, referindo-se à atual política de aproximação do Brasil em relação ao Irã de Ahmadinejad. 'Não se pode fazer em nome do diálogo um movimento político que acaba favorecendo um ditador, que não respeita direitos humanos, que não respeita as liberdades políticas, que tem presos políticos e que tem como objetivo construir e fazer a bomba atômica', alfinetou a candidata do PV. Desenvolvimento e favela virtual Perguntada sobre a questão do desenvolvimento no Acre, Estado onde é senadora, a candidata do PV disse que muita coisa foi feita. Porém, quando novamente questionada sobre saneamento básico, Marina admitiu que o Estado vivia uma situação de 'degradação social', mas que agora muita coisa melhorou. Ela aproveitou para criticar o adversário tucano José Serra, por usar uma favela virtual na campanha. 'O Acre era território, ele passou a ser um Estado, depende de repasses da União. Agora, obviamente que é grave o que acontece ainda no Acre, mas muita coisa mudou e mudou para melhor. Difícil é imaginar que o estado mais rico da Federação - que é o Estado de São Paulo - tenha uma situação como eu vi lá na favela da Mata Virgem', disse Marina. Segundo ela, no Estado não deveria haver favelas com esgoto a céu aberto e localizadas em áreas de mananciais. 'Por isso que eu estranhei que no programa do governador Serra ele tenha apresentado uma favela virtual. Porque tem uma favela real.' Também sobrou críticas para a educação no Rio de Janeiro. 'E o estado do Rio de Janeiro, por exemplo, que é o segundo mais rico da Federação? Está em antepenúltimo lugar em educação. Um dos piores índices de educação', conclui. Agronegócio Em relação ao agronegócio, Marina Silva defendeu regras para a exploração dos recursos naturais e mais investimento em tecnologia. Ela cita como exemplo as tecnologias aplicada na agricultura e na pecuária no Estado do São Paulo. 'Aqui em São Paulo a produção agrícola e a produção de carne têm altíssima tecnologia. Por que não pensar em fazer o mesmo na Amazônia? Por que quando é o cerrado, a Amazônia, o Pantanal, a caatinga, as pessoas acham que podem fazer de qualquer jeito?', indagou. No final da entrevista, a candidata do PV disse que o Brasil tem que mostrar ao mundo que respeita as regras. Curiosamente, ela fez a defesa do etanol como uma commodity e, mais uma vez, fez críticas ao governo Lula. 'As vezes a gente fala do agronegócio, da agricultura, como se fosse uma coisa só. Tem gente que está na vanguarda e estes precisam ocupar a cena, liderar o processo', defendeu a candidata do PV. 'Nós precisamos, por exemplo, transformar o álcool em uma commodity. Por que ainda não aconteceu isso?', fustigou. 'Porque o Brasil perdeu oito anos. Em lugar de fazer a certificação, só fazia propaganda', finaliza Marina Silva.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Larry Rohter: "Este é o 16º ano do governo FHC"
O jornalista americano Larry Rohter, ex-correspondente do New York Times no Rio de Janeiro, ficou célebre entre os brasileiros em 2004, quando quase foi expulso do país por Lula depois de publicar uma reportagem em que dizia que a “predileção do presidente por bebidas fortes estava afetando seu desempenho no gabinete”. Mas a sua relação com o país começou muito antes do episódio, ainda no início da década de 1970, quando conheceu Clotilde Amaral, uma brasileira que estudava idiomas na Universidade de Georgetown, onde ele estudava história e ciência política. Rohter começou a aprender português com Clotilde, que, de professora, tornou-se sua namorada e o trouxe para conhecer o país em 1972. Casaram-se um ano depois, tiveram dois filhos e, do convívio com o país, o jornalista escreveu dois livros. O primeiro, Deu no New York Times (editora Objetiva), lançado em 2008 para o público brasileiro. O segundo, Brazil on the rise (Palgrave Mcmillan) (numa tradução livre, Brasil em ascensão), lançado neste mês, é uma introdução ao país para estrangeiros. “O interesse pelo Brasil já era grande em 2008, quando a editora decidiu fazer o livro, e desde então só aumentou”, diz Rohter. “Já sabemos até que haverá uma edição do livro em chinês.”
Nesta entrevista, concedida por telefone do escritório de sua casa, em Hoboken, região metropolitana de Nova York, Larry Rohter fala da nova obra, da campanha presidencial e do Brasil pós-Lula. O jornalista também revela se o episódio que quase levou à sua expulsão do país alterou sua opinião sobre o Lula como presidente.
ÉPOCA – Para quem o senhor escreveu Brazil on the Rise?
Larry Rohter – O livro é complementar ao primeiro, Deu no New York Times, que era dirigido a brasileiros. É o outro lado da moeda: é um livro dirigido a estrangeiros, ao público que fala inglês. Isso quer dizer que a estrutura e o conteúdo do livro são diferentes. É um público que não conhece o Brasil, talvez nunca tenha estado no país, mas ouviu falar, tem uma curiosidade de conhecer melhor um país que está cada vez mais nas notícias. Nas manchetes, não, mas nas notícias, sim.
ÉPOCA – O interesse dos estrangeiros pelo Brasil tem aumentado?
Rohter – O interesse dos estrangeiros pelo Brasil começou antes de eu escrever este livro e foi um dos motivadores. A editora resolveu publicar uma série sobre os países BRIC. Começaram com a China, depois a Índia, a Rússia. Quando, em 2008, decidiram fazer o livro sobre o Brasil, o interesse já era grande, e só aumentou. Vou fazer uma turnê pelos Estados Unidos para divulgar o livro e claro que vou para os lugares tradicionais, que têm ligações comerciais ou culturais com o Brasil, como Nova York, Washington, Boston e Miami. Mas, além disso, estou recebendo convites para fazer palestras em cidades como Denver, Salt Lake City, San Francisco, Portland, Columbus, Manchester, New Hampshire, lugares que tradicionalmente não têm uma ligação com o Brasil mas estão acompanhando um desenvolvimento da economia mundial e a política internacional e estão reconhecendo que é necessário conhecer o Brasil melhor.
ÉPOCA – Na introdução, o senhor diz que um de seus objetivos era sair dos clichês que sempre marcam a imagem do país lá fora. De que maneira seu livro mostra um Brasil diferente?
Rohter – A começar pelo título do livro e pela capa. A capa não tem uma imagem tradicional do Cristo, da praia, do Carnaval. É o centro de São Paulo, de uma cidade pujante a perder de vista. É uma imagem desconhecida aqui nos Estados Unidos ou na Inglaterra porque, geralmente, o estrangeiro conhece o Rio de Janeiro. São Paulo geralmente é a grande surpresa. E eu queria projetar a imagem de um Brasil diferente, que convida o leitor a conhecer outra realidade. Claro que eu tenho um capítulo sobre a imagem do Brasil tradicional. Seria impossível ignorar o futebol, o carnaval. Mas é um capítulo entre dez. Os outros capítulos tocam assuntos que estão muito além da pauta tradicional sobre o país. Um capítulo foca o Brasil como superpotência cultural. Outro, o Brasil como potência industrial e agrícola. São os novos elementos que mais chamam a atenção do estrangeiro, a economia e o papel do Brasil no cenário internacional, porque também tem um capítulo sobre o Brasil e o mundo.
ÉPOCA – O senhor dedica um capítulo todo à questão racial no Brasil. Por que decidiu dar esse espaço à questão?
Rohter – Nós sempre falamos da desigualdade social e econômica no Brasil mas, no fundo, isso tem um relacionamento muito forte com a questão racial que, para mim, é a raiz das mazelas sociais do país. Todas elas estão associadas à desigualdade racial. Todo povo é racista, não apenas o brasileiro. Tem racismo na China, na África, na Europa, em todos os cantos do mundo. O importante é como você lida com o racismo e se você reconhece que o racismo existe na sua sociedade. Nós, americanos, fomos forçados a reconhecer a mazela do racismo na nossa sociedade. Ainda estamos enfrentando isso, mas assumimos nossa condição de ser um país racista. O Brasil ainda não fez isso. Ainda persiste o mito da democracia, da igualdade racial, de que todas as discriminações contra as pessoas negras ou pardas têm a ver com a condição econômica, a pobreza. A ideologia de Gilberto Freyre ainda contamina o diálogo da questão racial no Brasil. É a minha visão pessoal, mas nasce de uma experiência de muitos anos no Brasil, de ter falado com amigos negros brasileiros, de ter lido muitos livros sobre o assunto. Quando eu era menino, morava na Flórida dos tempos da segregação. Foi uma coisa muito difícil para uma criança absorver, fiquei sensibilizado. Não quero dizer que nós, aqui, somos perfeitos. Mas reconhecemos que temos um problema. O Brasil ainda finge que não existe problema. Há vozes dissonantes, mas elas são minoritárias, não majoritárias. O negro brasileiro continua numa situação de desigualdade. Eu pergunto: onde está o Obama brasileiro? Não vejo um personagem dessa natureza no Brasil. O governo do Lula e do FHC fizeram coisas para melhorar a situação do negro e hoje você vê ministros negros, mais políticos negros, mas o país ainda está tentando fugir de um debate real e honesto da questão racial.
O Brasil ainda não reconheceu sua condição de ser um país racista. A ideologia de Gilberto Freyre ainda contamina o diálogo da questão racial no Brasil
ÉPOCA – O seu livro retrata as mudanças políticas, econômicas e sociais do Brasil dos últimos 30 anos. Como o senhor as vê?
Rohter – De maneira geral, o país está no caminho certo. É preciso acelerar e aprofundar as políticas que levaram a avanços importantes no campo social e econômico. A educação é o gargalo mais sério no futuro próximo. Além disso, saúde, habitação também são importantes. E medidas para dar mais oportunidades para os negros e os pardos.
ÉPOCA – O senhor está acompanhando a disputa presidencial e, em seu livro, faz um perfil dos três candidatos com maior intenção de voto (Marina, Dilma e Serra). Qual a sua visão sobre o cenário político desta eleição?
Rohter – Eu ia dar um perfil de um quarto candidato, o Ciro Gomes, mas ele saiu da disputa, uma vitória política do Lula. Neste instante, o quadro é muito favorável à Dilma. Marina é uma candidata interessante, mas vejo nas pesquisas que ela não continua crescendo. Chegou a um patamar mais ou menos fixo e, agora, o pouco tempo na TV vai dificultar ainda mais uma subida dela nas pesquisas. Ela tem uma plataforma interessante e representa algo diferente, algo fora do esquema tucanos/PT, mas não passa a um segundo turno, se é que vai haver um segundo turno. Porque é possível que a Dilma ganhe no primeiro.
ÉPOCA – A oposição está tendo dificuldades para eleger seu candidato. O senhor já esperava por isso?
Rohter – O Serra demorou demais para confirmar a candidatura. E a escolha do vice foi desastrosa. Indio da Costa como vice-presidente do Brasil? O Álvaro Dias tem experiência, ele teria sido um candidato com força no Sul do país. Mas quando comentei com minha mulher que o Serra tinha escolhido o Indio da Costa, ela ficou atônita e me perguntou: “Aquele menino?” E é isso mesmo. Agora, a escolha da Dilma também não foi ótima. O Michel Temer, embora um político experiente, representa o antigo. Ele não é uma manifestação de uma nova política no país. Dos três candidatos a vice, o mais qualificado é o da Marina (o empresário Guilherme Leal). Ele pelo menos tem experiência em dirigir algo. Não sei se o eleitorado pensa muito no vice, mas veja a história do país: muito mais do que os Estados Unidos nos últimos 50 anos, o Brasil tem vivido momentos em que o vice assume a presidência. O Jango, o Sarney, o Itamar. Dados os problemas de saúde da Dilma, temos que pensar nisso e tenho certeza de que os investidores estrangeiros já estão pensando.
O Serra desperdiçou uma vantagem inicial que tinha. Ele realmente é um político experiente, foi senador, ministro, governador, e um economista com muitas qualidades, que entende do Brasil e do mundo. Agora, não quero desprezar a Dilma. Ela é uma administradora boa, que conseguiu pôr uma estrutura, uma disciplina no gabinete do Lula, e ela é uma pessoa inteligente. Mas ela nunca foi candidata a coisa nenhuma, está começando agora. E quando a vejo em um comício, ou num debate, parece que ela ainda não se sente confortável. E está carente do calor humano que você vê em candidatos como o próprio Lula e outros presidentes brasileiros como JK ou Getúlio. Ser a indicada do Lula parece que compensa todas as dificuldades. Parece. Estamos em agosto. Vamos ver como vai o resto da campanha.
ÉPOCA – Além dos candidatos, o seu livro destaca o nome de Aécio Neves.
Rohter – Eu sei que uma aliança Serra e Aécio enfrentava oposição porque representa a aliança dos paulistas com os mineiros e tem gente que acha que é preciso uma chapa mais abrangente. Mas o Aécio é um candidato formidável. O Aécio tem futuro, sim, é claro, mas parece que o partido não sabe aproveitar toda a força que ele representa. Se não me engano, a última pesquisa que eu vi, há uma semana, dez dias, mostrava que a Dilma tinha 60% de apoio em Minas e o Serra, menos de 20%. Claro que ela é mineira. Mas, mesmo assim, um candidato tucano, num Estado em que Aécio é a figura política principal, teria que ter um desempenho melhor, para ganhar.
ÉPOCA – Os estrangeiros estão olhando para as eleições no Brasil?
Rohter – Ainda não. O que interessa para eles é o resultado: quem vai ser o novo presidente, o que significa para os investimentos, se as mudanças vão ser grandes ou pequenas. No Brasil há apenas um partido de direita, o DEM, e mesmo ele está mudando. Na verdade, no campo ideológico você tende a ver uma convergência. Tanto que eu me lembro que o Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT, quando o Lula assumiu, em 2003, queixava-se de que era o nono ano do governo Fernando Henrique. A esta altura, estamos no 16º ano do governo FHC. Porque a política econômica do governo Lula, com o passar dos anos, é cada vez mais social democrata, no sentido europeu. Claro que ainda existem no partido facções e grupos nostálgicos da linha marxista-leninista, mas não são a maioria. Seria interessante ver como eles vão se comportar num eventual governo Dilma. Se ela tem força suficiente para controlar essa tendência dentro do partido. Mas, hoje em dia, os dois partidos mais importantes no país estão ocupando um campo ideológico que se sobrepõe.
ÉPOCA – Embora o Brasil tenha se saído bem da crise financeira de 2008, alguns dados mostram que o crescimento está desacelerando. Como o senhor vê a economia brasileira nos próximos anos?
Rohter – Isso depende de vários fatores. Nenhum país, nem os Estados Unidos, tem potência suficiente para se isolar da crise mundial. E ainda estamos em crise. Não sou um desses tão otimistas que acham que a crise já passou. Existem vários perigos. Aqui, nos EUA, tem gente, basicamente os republicanos, falando besteira. Existe um grande perigo de deflação nos Estados Unidos que seria desastrosa para o Brasil. Outro fator é a China. O Brasil tem sido, na última década, pelo menos, uma fonte de matérias primas para a China. Temos uma relação triangular. Os Estados Unidos compram bens fabricados na China com matérias primas brasileiras. Aí o perigo para o Brasil é a desaceleração do consumo americano e da máquina industrial chinesa. Claro que aponto no livro que o Brasil tem fatores positivos que outros países da América Latina não têm. Por exemplo, o Chile tem que exportar para sobreviver. O Brasil, não. Aquele mercado de quase 200 milhões de pessoas ajuda muito. O governo foi muito inteligente em navegar aquela primeira fase da crise em 2008, apesar daquela declaração ufanista do Lula [“E a crise? Pergunte ao Bush, a crise é dele”]. Porque o pessoal na Fazenda e no Banco Central sabia do perigo e foi muito capaz em lidar com aquela primeira fase da crise. Agora é outro desafio e requer muito jogo de cintura.
ÉPOCA – Seu livro diz que o jogo de cintura é uma especialidade brasileira...
Rohter – Sim, é verdade. Nas relações pessoais, sim. No campo econômico, até certo ponto, porque o Brasil não é o rei do jogo. O Brasil tem que se conformar com certos limites, não tem autonomia plena. Mas até nós, americanos, já não temos mais autonomia plena, não... Os próximos anos vão ser um desafio. E muito vai depender da agilidade da nova turma que entra no Palácio do Planalto em janeiro.
ÉPOCA – O senhor fala que os estrangeiros nem sempre entendem a hiper-sensibilidade dos brasileiros em relação aos comentários sobre o Brasil.
Rohter – Isso acontece especialmente no início da estadia em um país. Você diz uma coisa aparentemente inocente e seu amigo brasileiro o leva a mal. Aí tem que analisar o que foi que disse, por que a pessoa se ofendeu. Tem que investigar, pesquisar a história do país e da sociedade. Eu me lembro de uma reportagem em que eu usava a palavra “lite”. Aí uma editora aqui em Nova York queria saber por que o brasileiro usava “lite” e não “light”, e aí eles incluíram uma pequena explicação. Aí alguém, não me lembro quem, fez toda uma exposição de como isso representava uma atitude colonialista, dizendo que eu estava debochando do país. Foi uma coisa que me deixou atônito. Porque, às vezes, como dizia o Freud, um charuto é um charuto. Mas acho que nós, estrangeiros, temos que aprender, temos que entender melhor como o brasileiro vê o mundo e por quê.
ÉPOCA – De maneira geral, o senhor critica o jeitinho brasileiro e como ele se transforma na cultura de levar vantagem em tudo. Mas afirma que ele funciona na diplomacia. Como?
Rohter – É um dos grandes méritos do Itamaraty. Eles sabem como construir um acordo com linguagem vaga, digamos. Ele sabem como costurar um acordo que aparentemente diz uma coisa mas pode ser interpretada como outra. É um talento muito útil no cenário mundial.
O jeitinho brasileiro na diplomacia é um dos grandes méritos do Itamaraty. Ele sabem como costurar um acordo que aparentemente diz uma coisa, mas pode ser interpretada como outra.
ÉPOCA – Em seu livro, o senhor diz que a falta de uma posição do Brasil em conflitos regionais fez o país ser conhecido como um “gigante econômico e um anão diplomático”. O Brasil vai ter mais relevância na política externa?
Rohter – Não sei, depende do próximo governo. Nos últimos meses o Brasil foi mais audacioso. Aquela iniciativa com a Turquia sobre a questão nuclear no Irã foi um passo muito ousado. Mas o Brasil se deu mal. Iniciativas fora da área de influência natural do Brasil, ou seja, fora do continente, muitas vezes vão mal. Porque o Brasil ainda não tem quadros treinados para lidar com China. Não tem pessoas com experiência diplomática ou comercial lidando com os chineses. Então cai nas trampas dos chineses, que estão nesse jogo há 5 mil anos. O Brasil quer ser algo mais que um anão diplomático mas é um processo muito difícil. Vai ter episódios muito amargos e o país vai aprender de forma dolorosa. Mas a presença do Brasil como país no cenário mundial é benéfica para todos.
O Brasil quer ser algo mais que um anão diplomático, mas é um processo muito difícil. Vai ter episódios muito amargos e o país vai aprender de forma dolorosa.
ÉPOCA – Como o senhor avalia a relação entre o Brasil e os Estados Unidos?
Rohter – Claro que a relação do governo Lula com o governo Obama não é tão íntima ou calorosa como se esperava, mas o Brasil ainda continua sendo um interlocutar útil, valioso e isso no próximo governo tende a crescer. Acredito que o próximo governo não vai cometer os mesmos erros que o governo Lula cometeu. Como o que aconteceu com a campanha para conseguir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, que prejudicou a relação com Argentina, com México, e não levou a nada. O Brasil fez concessões aos chineses que não foram compensadas.
Em certo sentido, o Brasil entrou na bagunça do Haiti pensando: “Não somos os franceses, não somos os americanos, vamos mostrar como se faz”. Agora está lá ainda sem ideia de como sair. Parte disso é culpa dos EUA e da França, que não cumpriram as promessas de ajuda. Mas às vezes o Lula é confiante demais. Ele vê as coisas de uma maneira simples quando estão complicadas. Ele acha: “O Brasil pode o que os outros não puderam”. E não é assim. No cenário mundial, onde ele tem pouca experiência e pouco conhecimento, as coisas são muito complicadas.
Às vezes, o Lula é confiante demais. Ele vê as coisas de uma maneira simples quando estão complicadas. Ele acha: “O Brasil pode o que os outros não puderam”. E não é assim.
ÉPOCA – No livro o senhor diz que, enquanto a imprensa brasileira valorizou o episódio em que Obama elogiou Lula (“Ele é o ‘cara’”), a imprensa americana praticamente o ignorou. Por quê?
Rohter – O Brasil é sempre muito sensível a isso: como vai a relação com os gringos. E foi um momento interessante no relacionamento entre os dois países. Mas isso passou. Estamos em outra época. A crise de Honduras mudou a situação. Também aquele discurso que o Lula fez no Itamaraty em que ele zombou da Hillary em público e isso não se faz. O governo de Obama agora se pergunta: “com quem estamos lidando? Eles são um governo sério? Eles são um país sério ou não?” Zombar da Hillary naquela vozinha de menina foi muito mal visto em Washington. O primeiro contato com o Brasil também não foi muito positivo. Eu estava viajando com a comitiva de Obama, então candidato, e um assessor dele da área de política internacional fez contato com o Brasil por meio da embaixada. Era uma coisa para não ser divulgada, mas acabou saindo em uma dessas colunas de fofoca. Um pouco o Brasil se vangloriando de um contato com o Obama, mas isso não se faz. E deixou uma impressão inicial negativa. Outras coisas têm acontecido para reforçar essa impressão. Ao mesmo tempo eles reconhecem que o Brasil é um parceiro potencial muito interessante e cada vez mais importante. Não tem como negar a importância que o Brasil tem.
ÉPOCA – Em várias passagens, Lula é apresentado como uma figura anedótica, uma espécie de bobo alegre, fazendo piada de judeu aqui, dizendo que a crise é “problema do Bush”, que é “chique emprestar pro FMI” e que “Pelotas exporta viados”. Não seria interessante mencionar também o episódio em que o senhor quase foi expulso do país por Lula?
Rohter – Menciono brevemente o incidente com o Lula.
ÉPOCA – Em um parágrafo.
Rohter – E só vale um parágrafo. Não quero voltar a esse episódio. Foi um espasmo autoritário do presidente e foi contornado. As instituições brasileiras funcionaram como devem funcionar e fui poupado da expulsão que o governo buscava naquele momento. Não sofri represálias. Ainda estou em contato com elementos do PT.
ÉPOCA – Mas o episódio alterou a sua avaliação de Lula como presidente?
Rohter – Não. Inclusive, neste novo livro, tenho uma visão muito equilibrada do Lula. Reconheço os méritos do governo dele. Na verdade falo de um ciclo de 16 anos – FHC e Lula. O Lula não é um intelectual, mas ele teve a astúcia e a inteligência de ver o valor e a utilidade das mudanças que o governo Fernando Henrique fez e de construir algo usando aquelas mudanças como base. O Lula é um grande político, não tem como negar, não pretendo negar, não quero negar. Mas ele não é intelectual. Ele é mais do estilo Bush.
O Lula é um grande político, não tem como negar, não pretendo negar, não quero negar. Mas ele não é intelectual. Ele é mais do estilo Bush.
ÉPOCA – Mas, em termos de carisma, é possível dizer que Obama está mais para Lula do que para FHC, não?
Rohter – Obama é carismático, sem dúvida, mas é um grande orador e é um intelectual. Então ele difere do Lula. O Lula é um grande orador, mas o estilo dele é mais popular. O Obama consegue despertar esperança, paixões e as mistura com ideias complicadas.
ÉPOCA – O que, na sua opinião, vão representar a Copa de 2014 e os os Jogos de 2016 para o Brasil? Estando fora do Brasil, o que se espera do país como sede desses eventos?
Rohter – É a chance de projetar o país como potência emergente. Vejo oportunidades e perigos. A advertência que a Fifa fez agora sobre os estádios deve ser levada a sério. Fui bastante crítico dos Jogos Panamericanos porque o Rio fez promessas que não cumpriu. Prometeu construir novas estações do metrô, por exemplo. Mas quando o país faz uma promessa e assina um contrato, tem que cumprir. Senão, a credibilidade do país sofre. Daí o perigo. Com a Copa e as Olimpíadas, você está lidando com outros países, outros povos, que têm outros valores e padrões. E eles vão ficar nervosos se tudo ficar para a última hora. Então é bom começar logo para evitar problemas e constrangimentos. Claro que entendo que estamos em campanha eleitoral e isso acaba postergando contratos e decisões.
ÉPOCA – A violência brasileira está sendo vista como um problema pelos estrangeiros?
Rohter – A questão da violência vai ficar cada vez mais importante lá fora. É inevitável que em reportagens sobre episódios de violência no Rio, no quarto ou quinto parágrafo, haja menção ao fato de que a cidade vai ser sede dos dois eventos. Tem incidentes que realmente marcam as pessoas. Para mim foi a morte daquele menino João Helio. Até hoje fico pensando no caso dele, na família dele. Não existe um perigo real viver a cada momento no Rio, mas existe uma preocupação que tira algo do brilho da Cidade Maravilhosa. Conheço pessoas aqui que vão visitar o Brasil e não pretendem ir para o Rio porque já ouviram tantas histórias... Eu digo que é exagero, mas tem que tomar cuidado, é claro.
ÉPOCA – Não nos recordamos, aqui na redação, da suspeita de compra de votos de jurados no Carnaval do Rio na vitória da Vila Isabel com um enredo sobre a Venezuela governada por Hugo Chávez.
Rohter – A imprensa carioca especulou sobre a compra de votos. Eu era correspondente na Venezuela e vi especulação na imprensa lá e, além do mais, tenho parentes que moram na Vila Isabel. Mas confesso que eles são do Salgueiro. Mesmo assim havia especulações sobre isso.
ÉPOCA – Sabíamos da especulação em 2007, quando a Beija-Flor foi campeã.
Rohter – É, também.
ÉPOCA – Quais são as chances de, daqui a dez anos, o senhor escrever o livro The Rise and Fall of Brazil (A ascensão e a queda do Brasil)?
Rohter – O Brasil está subindo, como diz o título do livro. O país chegou a outro patamar. O perigo não é cair, mas haver uma estagnação, deixar de subir com a mesma velocidade. A ideia de um Brasil quinto poder daqui a dez, quinze anos não é irreal. Depende de vocês. É uma aspiração lógica. O país está em uma fase bem diferente de sua história. Eu sou otimista. Nesse sentido sou brasileiro.
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