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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tempo de Homens partidos.

Tempo de homens partidos


Veja - 11/03/2011


"As sociedades humanas se estabelecem com vistas a atingir algum bem, pois os homens só agem de modo a obter o que julgam ser um bem. A sociedade política, que é superior a todas as outras, visa ao bem em um sentido ainda mais abrangente. Ela visa ao bem comum." O filósofo Aristóteles escreveu o trecho acima há mais de 2 300 anos. Pouco se acrescentou aos ensinamentos do grego no que respeita aos objetivos sublimes da política. Mas as contribuições teóricas e práticas feitas no decorrer da história sobre o funcionamento dessa nobre arte são suficientes para que hoje as pessoas saibam o que devem cobrar de seus representantes de modo que eles se organizem da forma mais eficiente na busca do bem comum aristotélico. Uma contribuição básica é o partido político, a célula programática da democracia, que se organiza em torno de um interesse localizado mas cuja soma, idealmente, resulta em benefício da nação. Idealmente apenas.


A atividade partidária no Brasil virou uma baderna, com políticos sem definição ideológica, agremíações sem programas, plataformas ou propostas, tudo isso embalado em regras eleitorais que seriam inaceitáveis para a escolha do síndico de um prédio. Para nos limitarmos a um exemplo: o Brasil tem um partido socialista, o PSB, que lançou como candidato ao governo paulista Paulo Skaf, presidente da Fiesp, entidade patronal representante dos donos de indústria de São Paulo. Esse mesmo PSB agora pode receber em suas fileiras a senadora Kátia Abreu, que fez carreira representando o latifúndio agrário. A reportagem revela o caos partidário, avalia as propostas de reforma em andamento no Congresso e enfatiza a necessidade de que se ponha ordem naquela que deveria ser a mais altaneira missão pública de um cidadão, servir ao seu país como político. O estadista inglês Winston Churchill, que saiu e depois retomou ao Partido Conservador em 1924, se dizia em paz com sua consciência por ter feito ambas as trocas para satisfazer seus princípios, enquanto "outros trocam de princípios para satisfazer seus partidos", Boa lição. A política começa a valer a pena para um país quando há políticos com consciência e partidos com princípios.

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